18 de maio de 2016
Lição 08
ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO
Texto Áureo: Rm. 11.36 Leitura
Bíblica: Rm. 9.1-5; 10.1-8; 11.1-5
Prof. Pb Antonio Soares
Canal: expressão do Saber(YouTube)
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INTRODUÇÃO
Paulo discorreu a respeito da Doutrina da Salvação
nos capítulos 1 a 8 da Epístola aos Romanos. Veremos nesta lição que nos
capítulos 9, 10 e 11, ele abre um parêntese para tratar a respeito da
“sorte de Israel” no plano da salvação. Aprendemos com estes capítulos
que Deus tem um plano especial para com Israel e que a rejeição deles é
apenas temporária até se cumprir a plenitude dos gentios, quando todo o
Israel será salvo.
PONTO CENTRAL
Deus tem um plano especial para com Israel.
I. A ELEIÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.1-29)
1. O anseio de Paulo e a incredulidade de Israel.
O apóstolo deixa explícito a elevada estima que possuía por seus
compatriotas. Ele abre o seu coração para expressar seus sentimentos em
relação ao seu povo (Rm 9.1-5). Ele desejava que todos, assim como ele,
entendessem o plano perfeito da salvação revelado em Jesus Cristo. Esse
desejo de Paulo se intensifica quando ele lembra os crentes romanos de
que aos judeus foi dada a adoção, a glória, os pactos, a Lei, o culto e
as promessas. Paulo também os faz recordar que deles (dos judeus) também
descendem os patriarcas e o próprio Cristo! Mas, apesar de todas essas
bênçãos, o entendimento do povo judeu continuava, e continua,
endurecido.
2. Os eleitos e as promessas de Deus. O
argumento de Paulo em Romanos 9.6-13 revela que as promessas de Deus
relativas à nação de Israel não falharam, mesmo que a maioria deles as
tenha rejeitado. As promessas terão seu fiel cumprimento através dos
judeus remanescentes, dos gentios que abraçaram a fé e do Israel que
será restaurado no futuro. Essa porção das Escrituras é uma das mais
debatidas entre os teólogos. As posições se polarizam quando o debate é
entre determinismo e livre-escolha. Todavia, Paulo não está se referindo
a eleição individual, mas coletiva. O exemplo dos irmãos Jacó e Esaú,
dado para ilustrar o argumento do apóstolo, deixa isso evidente (Rm
9.10-13). A citação que Paulo faz de Jacó e Esaú, nesse texto, é tirada
do livro do profeta Malaquias 1.2-4. Basta uma olhada nessas passagens
para ver que o profeta não estava se referindo às pessoas ou aos
indivíduos “Jacó” e “Esaú”, que nessa época já haviam morrido há muito
tempo, mas a grupos ou povos. Isso é demonstrado em Malaquias 1.4, onde
Esaú é identificado com Edom, um povo e não um indivíduo. Fica,
portanto, evidente à luz desse contexto que a predestinação é
corporativa, isto é, de um grupo, povo, ou nação, e não de pessoas.
3. Eleição, justiça e soberania de Deus. Nos
versículos 14 a 29, do mesmo capítulo nove, Paulo responde as indagações
sobre a justiça de Deus e sua soberania. Deus não poderia ser acusado
de ter sido injusto com Israel por eles se acharem no estado em que se
encontravam. Paulo toma Faraó para exemplificar sua argumentação. O
apóstolo afirma que o endurecimento do coração de Faraó ocorreu quando
este resistiu à vontade de Deus (Êx 7.14,22; 8.15,32; 9.7). Da mesma
forma, Israel foi endurecido porque não aceitou a justificação que lhe
foi dada através de Jesus Cristo. O exemplo extraído da metáfora do vaso
do oleiro serve para fundamentar mais ainda a argumentação em favor da
justiça e da misericórdia de Deus. O argumento determinista que vê os
“vasos de ira” e “vasos de misericórdia”, como sendo uma referência aos
salvos e condenados, cai diante da exposição do próprio texto. Deus
suportou os vasos da ira e eles se tornaram, por si mesmos, objetos da
ira de Deus; mas os vasos de misericórdia participarão da glória de
Deus, através da fé, pela graça de Deus, e não como resultado das suas
próprias obras.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Deus em sua justiça e soberania escolheu a Israel para fazer parte do seu plano redentivo.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“A Tristeza de Paulo (9.1-3)
Nestes versículos o apóstolo
Paulo declara seu amor por sua gente, os judeus. Ele começa declarando:
‘Em Cristo digo a verdade, não minto’. Visto que era conhecido como
judeu zeloso, sua conversão a Cristo o torna antipático para os judeus,
que o viam como ‘um traidor de sua gente’. Entretanto, Paulo garante que
seus sentimentos são sinceros e que sua consciência tinha o testemunho
do Espírito Santo (v.1). Esse texto mostra que sua consciência agia sob a
orientação iluminada do Espírito Santo.
No versículo 2, Paulo ainda
declara dizendo: ‘Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu
coração’. É uma expressão de profundo sentimento de amor e respeito pela
sua gente, e não de traição. A despeito da hostilidade dos judeus
contra a pregação do Evangelho e contra a sua pessoa, Paulo diz que, se
fosse possível ele mesmo ser separado de Cristo, para salvar ‘seus
parentes segundo a carne’, ele o faria por amor a eles. Essa linguagem é
bem típica de quem ama profundamente e é capaz de dar a sua vida para
salvar outras.
Por que essa tristeza de Paulo
para com seus irmãos de sangue? A resposta é simples e objetiva: o
repúdio do povo judeu para com Jesus Cristo. Sua tristeza tem duas
razões específicas: Primeira, Paulo declara que os judeus são seus
‘parentes’ segundo a carne, mas não querem ser seus irmãos segundo o
espírito. Segunda, pelo fato de que os judeus, possuindo privilégios
especiais como nação, rejeitaram o ‘privilégio maior’, que é a salvação
em Cristo” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.104).
II. O TROPEÇO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 9.30 — 10.21)
1. Tropeçaram em Cristo. Partindo do
princípio de que a igreja de Roma era formada em sua maioria por
gentios, a parte judaica teria dificuldade de entender porque os gentios
haviam sido aceitos por Deus enquanto a maioria dos judeus não. Paulo
argumenta que o tropeço de Israel se deve ao fato de não terem crido em
Jesus, o Messias prometido (Rm 9.30-33). O que deveria ser solução para
eles tornou-se em tropeço. Por outro lado, os gentios, ao crerem na
graça de Deus, foram justificados, visto que a sua justificação veio em
decorrência da fé e não dos seus méritos.
2. Tropeçaram na lei. Nesse ponto, o apóstolo
realça algo que ele já vinha argumentando desde o capítulo 3. Os
judeus, ao buscarem a sua justiça própria através da Lei, acabaram por
rejeitar a justiça de Deus que vem através de Jesus Cristo (Rm 10.1-4).
Querer agradar a Deus, seguindo os preceitos da Lei, era andar na
direção errada, visto que Cristo é o fim da lei (Rm 10.4).
3. Tropeçaram na Palavra. O evangelho de João
já havia mostrado que Jesus veio para o que era seu, mas que os seus
não o receberam (Jo 1.12). Aqui Paulo mostrará que a rejeição de Israel
aconteceu, não por falta de aviso, mas porque não quis ouvir aquilo que
Deus havia planejado para ele. Endureceram seus corações e tropeçaram na
Palavra (Rm 10.14-21). Por outro lado, os gentios responderam
positivamente a essa mesma Palavra e, por isso, foram aceitos.
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O tropeço de Israel não invalidou o plano de redenção de Deus para com o seu povo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“A rejeição judaica da justiça
pela fé em Deus abriu espaço para um número muito grande de gentios a
serem enxertados na árvore enraizada na antiga aliança de Deus com
Abraão. Esta não deveria ser objeto de orgulho gentio, mas de
advertência. Nunca abandone o princípio de salvação pela graça através
da fé” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.747).
III. A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL DENTRO DO PLANO DA REDENÇÃO (Rm 11.1-32)
1. Israel e o remanescente. Os teólogos
chamam a atenção para a importância que a doutrina de um “remanescente”
possui dentro da cultura judaica (Rm 11.1-10). De fato, os profetas que
se levantaram contra a apostasia e o formalismo religioso acreditavam
que Deus tinha uma reserva formada por aqueles que eram fiéis (Am 2.12;
5.3; Is 1.9; 6.9-13; Sf 3.12,13; Jr 23.3). Em Romanos 11.1-10, Paulo,
que se considerava um dos remanescentes, cita o exemplo de Elias. Para
Paulo, da mesma forma que Elias se manteve fiel no meio do Israel
apóstata, assim também havia um remanescente que se mantinha fiel
através de Jesus Cristo.
2. Israel e o enxerto gentílico. Israel não
conseguira entender que o plano de Deus para a salvação incluía também
os gentios (Is 9.6). Tropeçaram ao não aceitarem a justiça de Deus
manifestada em Jesus Cristo. Foi graças a esse tropeço, argumenta Paulo,
que os gentios entraram como um enxerto no plano da salvação. Os
gentios, portanto, não deviam assumir uma posição de orgulho, mas de
temor. Eles não eram os ramos naturais, mas faziam parte da “oliveira
brava” (Rm 11.11-24). Se Deus não havia poupado os ramos naturais, muito
menos pouparia os ramos enxertados.
3. Israel e a restauração futura (11.25-32).
Embora Paulo se entristecesse com a situação espiritual de seus
compatriotas judeus, a sua posição em relação a eles é de esperança e
não de desespero (Rm 11.25-32). Paulo estava convencido de que no futuro
Israel será salvo. Para ele, isso terá seu cumprimento quando se
completar a “plenitude dos gentios”. A rejeição dos judeus trouxe a
justificação ao mundo gentílico. Quando Deus cumprir seu propósito para
com os gentios cumprirá também suas promessas de restauração para todo o
Israel.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Deus não rejeitou Israel, e todos que creem na graça de Jesus Cristo serão restaurados.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Gentios e judeus (11.11-21)
A rejeição judaica da justiça
pela fé em Deus abriu espaço para um número muito grande de gentios a
serem enxertados na árvore enraizada na antiga aliança de Deus com
Abraão. Esta não deveria ser objeto de orgulho gentio, mas de
advertência. Nunca abandone o princípio de salvação pela graça através
da fé.
Todo o Israel será salvo (11.25,26)
Paulo lança seus olhos ao
passado para as promessas feitas a Israel por Isaías (59.20; cf. Jr 31).
A conversão em massa de gentios a Cristo não significa que Deus
repudiara as palavras dos profetas do Antigo Testamento. Somente quando
todos os gentios forem convertidos é que o foco da história voltará a se
concentrar em Israel (11.29)” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.747).
CONCLUSÃO
Como vimos, os capítulos 9 a 11 de Romanos
demonstram a soberania de Deus na história da redenção. Revela que o
propósito de Deus concernente à eleição jamais poderá ser frustrado.
Diante disso, a atitude deve ser de temor, não de jactância. A história
de Israel, seu antigo povo, bem como a inclusão dos gentios no plano da
salvação, mostra que Deus respeita as escolhas, mesmo que estas se
revelem danosas para aquele que as fez. Em todo caso, o arrependimento e
a fé são os caminhos que darão acesso ao portão da graça de Deus.
PARA REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
Os patriarcas e o Cristo descendiam de que povo?
Os patriarcas e o próprio Cristo descendiam dos judeus.
As promessas de Deus em relação a Israel falharam com a rejeição deles?
As promessas de Deus relativas à nação de Israel não falharam, mesmo que a maioria deles as tenha rejeitado.
Segundo a lição, por que Israel foi endurecido?
Israel foi endurecido porque não aceitou a justificação que lhe foi dada através de Jesus Cristo.
Paulo se considerava um dos remanescentes?
Sim, ele se considerava um dos remanescentes.
Como os gentios passaram a fazer parte do plano da salvação?
Como os judeus tropeçaram ao
não aceitarem a justiça de Deus manifestada em Jesus Cristo, os gentios
entraram como um “enxerto” no plano da salvação.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Israel no Plano da Redenção
“E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo
zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e
da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles
te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti” (Rm
11.17,18). Infelizmente, não são poucos dentro da igreja evangélica que
esquecem essa advertência e reverberam a ideia equivocada da Teologia da
Substituição. Penso ser importante usar este espaço para falar um pouco
da origem dessa teologia, pois pode haver alguém da sua classe que
desconhece esse tema e lhe faça algumas perguntas.
A questão do papel do povo judeu hoje no plano de
Deus tem despertado sentimentos variados nos cristãos do mundo atual em
relação ao Israel contemporâneo. Tais sentimentos atrelam-se ao método
adotado na interpretação bíblica ao longo da história eclesiástica.
Assim, o método alegórico foi importantíssimo para o surgimento da
Teologia da Substituição.
A destruição de Jerusalém, a Cidade de Deus, no ano
70 d.C, foi um acontecimento crucial para a eficácia desse método. No
século IV, o clero cristão era constituído por bispos ocidentais e
orientais influenciados pelo método alegórico — ele uniu-se ao império
romano, mediante Constantino, o imperador de Roma. Esses clérigos
consideraram a destruição de Jerusalém um sinal de que Deus havia
rejeitado o povo judeu.
Neste contexto, a Teologia da Substituição ganhou
força dentro do Cristianismo. A igreja romana advogou para si o título
de o “Novo Israel de Deus”. E, a exemplo de outras tradições cristãs,
passou a julgar os judeus como “O povo rebelde que matou Jesus” e para
sempre fora rejeitado por Deus. Por isso, o estudioso Arnold
Fruchtenkbaum conceitua a Teologia da Substituição como corrente que
rejeita o moderno Estado de Israel como cumprimento da profecia bíblica.
Neste caso, todas as profecias sobre o povo judeu já foram cumpridas e,
por isso, não se deve esperar nenhuma restauração futura de Israel (cf.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. CPAD, 2008, p.372).
Ora, algumas respostas sobre a profecia bíblica deveriam responder a
estas questões: Qual o público alvo da profecia bíblica? Cumpriu-se
toda? A quem Deus prometeu uma terra localizada no Oriente Médio? À
Igreja ou a Israel? Tal promessa se cumpriu plenamente? Então, o
estudioso sério das Escrituras pensará muito antes de afirmar que a
Igreja substituiu Israel.
Fonte: http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2016/2016-02-08.htm
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